América Latina. Na nova administração presidencial de Trump, as expectativas para o setor de tecnologia estão divididas entre uma abordagem desregulatória que buscaria aumentar a competitividade global e os riscos de um ambiente que poderia minar a equidade na inovação e até mesmo a acessibilidade dos dispositivos eletrônicos.
Uma recontagem do primeiro mandato. A abordagem de Trump às empresas de tecnologia em seu primeiro mandato foi marcada por um discurso e ações que oscilaram entre o confronto (até geopolítico) e a colaboração.
Por um lado, havia uma firme posição antagônica em relação a gigantes como Google e Meta, principalmente em questões de moderação de conteúdo e seu suposto viés político.
No entanto, também foi dado um impulso significativo à inovação nacional com incentivos fiscais que facilitaram a repatriação de capital de grandes corporações de tecnologia e incentivaram a fabricação local.
Um ponto-chave foi a eliminação da neutralidade da rede, que foi tentada a ser restaurada durante o governo Biden e beneficiaria grandes players de telecomunicações e tecnologia, mas levantou preocupações sobre o acesso equitativo à infraestrutura digital para startups e pequenas empresas.
Além disso, as tensões comerciais com a China desencadeariam uma reavaliação das cadeias de suprimentos tecnológicas globais.
Perspectivas atuais: colaboração e inovação desregulamentada. Com a reeleição de Trump, os sinais apontam para um ambiente menos regulamentado para o setor de tecnologia, com ênfase no crescimento econômico e na inovação competitiva.
A presença dos chefes das principais empresas de tecnologia na segunda posse do presidente Trump reflete uma clara intenção de promover a colaboração entre o governo e os líderes de tecnologia, bem como aliviar a pressão antitruste e a transparência nos mercados digitais.
Paralelamente, a revogação da ordem executiva do governo Biden que buscava regular a inteligência artificial (IA) é mais um passo em direção à desregulamentação. Embora isso possa acelerar a inovação em IA, também aumenta os riscos éticos e de segurança associados à sua implementação.
A postura do governo em relação às criptomoedas e à tecnologia blockchain também é um aspecto que merece destaque. Com um provável relaxamento nas regulamentações, os Estados Unidos poderiam se posicionar como líder global nessa área, atraindo talentos e capital estrangeiros. No entanto, a falta de controles claros pode aumentar a vulnerabilidade a atividades ilícitas e bolhas especulativas.
Por outro lado, o impacto das tensões comerciais com a China não deve ser subestimado. A imposição de tarifas e restrições a tecnologias-chave, como semicondutores, forçará as empresas a redesenhar suas cadeias de suprimentos, o que pode levar a custos mais altos e afetar a competitividade dos produtos dos EUA nos mercados internacionais.
Implicações na competitividade nos mercados digitais. Apesar das oportunidades que a colaboração com os líderes traz, é vital refletir sobre como garantir que o ambiente de tecnologia permaneça inclusivo e equitativo.
As grandes empresas não podem ser as únicas beneficiárias destas políticas; salvaguardas devem ser implementadas para permitir que startups e pequenos inovadores prosperem em igualdade de condições.
A proximidade com líderes de tecnologia, como Elon Musk e outros CEOs, reflete um interesse mútuo em colaborar na interseção de políticas públicas, regulamentação e inovação. Essa abordagem, embora promissora, deve evitar que os lucros se concentrem apenas nos gigantes do setor.
Neste novo mandato, o equilíbrio entre inovação, regulamentação e justiça competitiva será crucial para definir o futuro da indústria de tecnologia nos Estados Unidos e seu impacto global.
Texto escrito por Ernesto Piedras da Unidade de Inteligência Competitiva, The CIU.